sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Características da poesia de Álvaro de Campos

TRAÇOS DA SUA POÉTICA-   poeta modernista-   poeta sensacionalista (odes)-   cantor das cidades e do cosmopolitismo (“Ode Triunfal”)-   cantor da vida marítima em todas as suas dimensões (“Ode Marítima”)-   cultor das sensações sem limite-   poeta do verso torrencial e livre-   poeta em que o tema do cansaço se torna fulcral-   poeta da condição humana partilhada entre o nada da realidade e o tudo dos sonhos (“Tabacaria”)-   observador do quotidiano da cidade através do seu desencanto-   poeta da angústia existencial e da auto-ironia

1ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – DECADENTISMO (“Opiário”, somente)- exprime o tédio, o enfado, o cansaço, a nauseá, o abatimento e a necessidade de novas sensações
- traduz a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia
- marcado pelo romantismo e simbolismo (rebuscamento, preciosismo, símbolos e imagens)
-   abulia, tédio de viver
-   procura de sensações novas
-   busca de evasão
“E afinal o que quero é fé, é calma/ E não ter estas sensações confusas.”
“E eu vou buscar o ópio que consola.”




2ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS


-FUTURISTA/SENSACIONISTA
Nesta fase, Álvaro de Campos celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna. Sente-se nos poemas uma atracção quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Campos apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida. Exalta o progresso técnico, essa “nova revelação metálica e dinâmica de Deus”. A “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima” são bem o exemplo desta intensidade e totalização das sensações. A par da paixão pela máquina, há a náusea, a neurastenia provocada pela poluição física e moral da vida moderna.
- celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna
- apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina
- exalta o progresso técnico, a velocidade e a força
- procura da chave do ser e da inteligência do mundo torna-se desesperante
- canta a civilização industrial
- recusa as verdades definitivas
- estilisticamente: introduz na linguagem poética a terminologia do mundo mecânico citadino e cosmopolita
- intelectualização das sensações
- a sensação é tudo
- procura a totalização das sensações: sente a complexidade e a dinâmica da vida moderna e, por isso, procura sentir a violência e a força de todas as sensações – “sentir tudo de todas as maneiras”
- cativo dos sentidos, procura dar largas às possibilidades sensoriais ou tenta reprimir, por temor, a manifestação de um lado feminino
- tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir
- exprime a energia ou a força que se manifesta na vida
- versos livres, vigorosos, submetidos à expressão da sensibilidade, dos impulsos, das emoções (através de frases exclamativas, de apóstrofes, onomatopeias e oxímoros)
·        Futurismo-   elogio da civilização industrial e da técnica (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!”, Ode Triunfal)-   ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional-   atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida·        Sensacionismo-   vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de Caeiro)-   sadismo e masoquismo (“Rasgar-me todo, abrir-me completamente,/ tornar-me passento/ A todos os perfumes de óleos e calores e carvões...”, Ode Triunfal)-   cantor lúcido do mundo moderno


3ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – PESSIMISMOPerante a incapacidade das realizações, traz de volta o abatimento, que provoca “Um supremíssimo cansaço, /íssimo, íssimo, íssimo, /Cansaço…”. Nesta fase, Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido. Sofre fechado em si mesmo, angustiado e cansado. (“Esta velha angústia”; “Apontamento”; “Lisbon revisited”).
O drama de Álvaro Campos concretiza-se num apelo dilacerante entre o amor do mundo e da humanidade; é uma espécie de frustração total feita de incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento, mundo exterior e mundo interior. Revela, como Pessoa, a mesma inadaptação à existência e a mesma demissão da personalidade íntegra., o cepticismo, a dor de pensar e a nostalgia da infância.
- caracterizada pelo sono, cansaço, desilusão, revolta, inadaptação, dispersão, angústia, desânimo e frustração
- face á incapacidade das realizações, sente-se abatido, vazio, um marginal, um incompreendido
- frustração total: incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento; e mundo exterior e interior
-   dissolução do “eu”-   a dor de pensar-   conflito entre a realidade e o poeta-   cansaço, tédio, abulia-   angústia existencial-   solidão-   nostalgia da infância irremediavelmente perdida (“Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”, Aniversário)


TRAÇOS ESTILÍSTICOS-   verso livre, em geral, muito longo-   assonâncias, onomatopeias (por vezes ousadas), aliterações (por vezes ousadas)-   grafismos expressivos-   mistura de níveis de língua-   enumerações excessivas, exclamações, interjeições, pontuação emotiva-   desvios sintácticos-   estrangeirismos, neologismos-   subordinação de fonemas-   construções nominais, infinitivas e gerundivas-   metáforas ousadas, oximoros, personificações, hipérboles-   estética não aristotélica na fase futurista


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